O silêncio Interior

Houve um tempo em que eu sentia medo. Acordava e o medo de algo ruim acontecer a alguém querido me fazia manter o celular ligado – às vezes até à noite. Parecia-se com o medo da solidão, mas no fundo era o medo do meu próprio silêncio.

Nada incomum para um mundo incomum: nossas crianças são levadas a temer e a se afastar do silêncio. Ocupam-lhes o tempo do silêncio com aberrações televisivas e musicais, paixões, razões e necessidades fúteis e infrutíferas; e em meio às dúvidas vindas desses excessos, ainda exigem que se saiam bem em mesmices intelectuais e físicas tidas como alvos sociais. Quando adultos, essa confusão pode virar convulsão e resultar no medo falsamente justificado; e isso enrijece o movimento, bane o alcance, drena as energias. Antes crianças alegres e soltas, hoje adultos com tapa-olhos desnecessariamente costurados que lhes oclusa a abrangência que suas vidas poderiam ter.

Estar em silêncio é compartilhar consigo sua própria intimidade. É resgatar sua parte humana e reencontrar a parcela Divina dentro de si. É olhar para dentro, e na aparente mais vazia solidão reencontrar a paz que acalenta mais que tudo o que há. É mergulhar em todos, em tudo, e se sentir parte integrante viva e insubstituível. É sentir-se envolto em Amor. Estar em silêncio é caminho sempre à mão, disponível e prático para se estar bem aqui-e-agora, independentemente de qualquer turbulência. Feche os olhos, encontre-se consigo… pronto, você está lá; está bem, e pode recomeçar renovado.

Até que se alcance novamente o silêncio de dentro, muitos dos barulhos implantados na mente ainda ecoarão como dúvidas sobre a aceitação do simples momento – e isso ainda trará o medo. Mas, assim que passarem, notará o quanto são somente bobagens. Solte as importâncias às dúvidas e confusões, justificadas ou não, e poderá reencontrar em você esse portal real de infinita mágica que possibilita a alegria profunda, que traduz o Amor, que desnuda a felicidade independente dos fatos, que leva ao bem-estar e à vida em sua essência.

O silêncio é a mágica. Dispa-se do medo, solte-se, mergulhe, permita-se, descubra-se. Além de qualquer objetivo, a única coisa que importa é ser quem você é.

Rudolfo Pacheco, Sintonia & Vida!